Até o início do século XX, por exemplo, os shorts eram utilizados, em público, apenas por homens. Foi somente nos anos 1930, com a popularização de esportes olímpicos praticados por mulheres, que o shorts feminino começou a ser disseminado e mais socialmente aceito. Nesse sentido, observar a moda pode ser uma maneira de melhor entender o que está acontecendo no mundo.
Na década que se inicia no ano presente, 2021, não restam dúvidas de que uma das maiores preocupações é a conservação ambiental. Cada vez mais percebemos o quanto nossas atividades do dia-a-dia têm impactos negativos sobre a natureza. E esse pensamento, é claro, tem influenciado de maneira direta como se pensa a moda atualmente.
Vale lembrar: a moda é considerada uma das indústrias mais poluentes do planeta. Por essa razão, não somente questões ambientais estão presentes devido ao aspecto cultural de seu pensamento, mas também (e cada vez mais) por um compromisso que deve ser assumido pelo próprio setor.
Uma tendência relativamente nova que tem se mostrado uma ótima alternativa a modelos de criação tradicional é o upcycling. Esse termo, utilizado pela primeira vez em 1994 pelo ambientalista alemão Reine Pilz, é uma proposta de que se vá além da reciclagem.
Do vintage ao futurismo
O upcycling, é claro, anda de mãos dadas com outras práticas sustentáveis, como a compra de peças vintage em brechós e a customização. A principal diferença, entretanto, é que o upcycling recria uma peça a partir de outras, antigas, dando um ar contemporâneo a algo anteriormente usado.
Assim, as peças são criadas a partir de tecidos mais antigos, com uma nova estrutura, costura e, literalmente, uma nova roupagem. Enquanto o garimpo, a customização e a reciclagem resgatam peças retrô e as repaginam, o upcycling as utiliza como matéria prima, mas não se compromete com o design inicial.
Um bom exemplo de como essa transformação acontece pode ser encontrado na coleção mais recente da grife francesa Mugler, apresentada na semana ready-to-wear de Paris no final de março de 2021.
Mas essa prática, vale ressaltar, não se restringe à moda. A arquitetura, as artes visuais, a indústria de móveis e diversos outros setores criativos estão se engajando progressivamente nesse conceito. Na moda, entretanto, é onde ele mais se popularizou.
Faça você mesmo
A moda upcycling, além de acompanhar a tendência e urgência da moda consciente, também está associada à popularização do que ficou conhecido como DIY (do-it-yourself: faça você mesmo).
Esse processo, é claro, também está atrelado à popularização da internet e de sites de compartilhamento de referências, como o Pinterest e o Arena, bem como tutoriais que nos ajudam a realizar tarefas e a confeccionar objetos no dia-a-dia.
Assim, a recriação de uma peça, utilizando uma outra, não necessariamente precisa ser feita através de compras. Especialmente para aquelas que têm a habilidade de costurar, se engajar com essa tendência pode ser uma ótima maneira de expressar seu lado criativo.
Calças jeans um pouco mais largas, por exemplo, poderão ser desfeitas na camada de costura e se tornarem saias bem descoladas. Já as camisetas masculinas de numerações grandes, especialmente, poderão se tornar uma infinidade de outras peças, desde o tão desejado chemise até uma mini saia.